Teve lugar no dia 22 de abril, de tarde, no auditório da Biblioteca Municipal de Vila Nova de Cerveira, uma iniciativa de caráter pedagógico e cívico – a celebração dos 50 Ano da Revolução de Abril de 1974. O evento é uma iniciativa da Biblioteca Municipal, em associação com a Escola Básica e Secundária e ainda com o Centro de Formação da região (Monção).
Dentro do espírito do vasto programa de comemorações nacionais e locais da Revolução de Abril de 74, o evento era destinado ao público em geral, de várias fachas etárias. Para os professores participantes, também funcionou como Ação de Curta Duração (ACD), certificada pelo Centro de Formação do Vale do Minho.
Esta iniciática está integrada no Programa da “Festa da Leitura” promovida pelo Município de Cerveira e teve como título “Celebrar 50 anos de ABRIL – da Fotografia à Literatura”. Foram oradores os docentes da Universidade Católica Portuguesa (UCP) - Braga Luísa Magalhães e Cândido Oliveira Martins, abordando cada um, respetivamente, os dois temas. Através do Jornalismo e da Fotografia, mas também da Literatura e da Poesia, evocou-se o Portugal do Estado Novo, os longos tempos de resistência e, depois, o acontecimento marcante e festivo da Revolução de abril de 74.
Nesse sentido, num primeiro momento Luísa Magalhães abordou como o Jornalismo e a Fotografia do final do Estado Novo contribuíram decisivamente para acompanhar a transformação de Portugal nessa transição decisiva. Fê-lo através de textos e imagens elucidativas de um país amordaçado e desejoso da mudança, nomeadamente através das páginas da imprensa da época, mas também das memoráveis fotografias de Alfredo Cunha ou Eduardo Gageiro.
Também Cândido Oliveira Martins, numa segunda parte, partindo da Literatura e da Poesia em particular, analisou com os presentes como a palavra literária empenhada de tantos escritores desempenhou um papel muito importante na crítica ao regime vigente do Estado Novo. Desse modo, os escritores ajudaram, de forma decisiva, a sensibilizar para a necessidade de mudança, apesar das inúmeras dificuldades, como a vigência da Censura, as perseguições e prisões por parte da PIDE ou ainda da experiência do exílio. Depois, com o deflagrar da Revolução de 74, a poesia celebrou a transição para a democracia e os valores desse Portugal Novo, não sem alguma preocupação e sentido crítico.
Para os referidos oradores, a celebração dos 50 Anos da Revolução do 25 de abril de 1974 deve constituir um pretexto para uma ampla consciencialização cívica e cultural, enquanto acontecimento fundador do Portugal contemporâneo. Nesse sentido, afirmaram ser muito oportuno revisitar esse momento fundacional da nossa História recente através de duas perspetivas complementares: do Jornalismo e da Poesia – da imprensa da época até à escrita poética, construíram-se discursos e representações sobre esse facto que mudou o rumo do Portugal de hoje, acontecimento que merece ser amplamente celebrado, sobretudo a pensar nas gerações mais jovens.
Luísa Magalhães e Cândido Oliveira Martins são docentes e investigadores da UCP - Braga, além de investigadores do Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos (CEFH). Além disso, ambos têm participado em atividades de promoção da Leitura ao abrigo do Plano Nacional de Leitura (PNL). Neste ano de comemoração dos 50 Anos de Abril de 74, os dois docentes colaboram com Escolas e Bibliotecas, no sentido de refletir sobre a grande importância deste acontecimento fundamental do Portugal contemporâneo.
