Onze estudantes da Universidade Católica Portuguesa partiram em missão de voluntariado, no âmbito do FLY, o programa de voluntariado e aprendizagem-serviço, do qual a UCP é parceira. Uma experiência que todos recordam como inesquecível e transformadora. Dos quatro campi da Universidade Católica Portuguesa e com a coordenação da Católica Solidária (CASO) no Porto, foram 11 os estudantes que partiram para diferentes missões de voluntariado em Espanha, Itália, Marrocos e Brasil. Para além da participação de estudantes da UCP em missões internacionais, cerca de 40 voluntários estrangeiros também foram integrados em missões nacionais.
Os estudantes da Universidade Católica - Catarina Rebelo de Almeida (Porto), Francisca Bento (Viseu), Daniela Barbosa (Braga) e Francisco Cabral (Lisboa) - viveram experiências, verdadeiramente, transformadoras. “O voluntariado internacional é uma experiência extremamente enriquecedora, pois, além de proporcionar o desenvolvimento de competências associadas a um qualquer voluntariado, também possibilita aos alunos a experiência de imersão em diversas culturas, tradições e estilos de vida, expandindo os seus horizontes e fomentando a reflexão e o entendimento recíproco entre indivíduos de diferentes culturas e backgrounds”, explica Carmo Themudo, coordenadora da Unidade de Desenvolvimento Integral da Pessoa (UDIP) da Universidade Católica no Porto.
O grande impacto das pequenas ações
Catarina Rebelo de Almeida, estudante da Escola do Porto da Faculdade Direito da Universidade Católica, esteve em Vazantes, uma pequena comunidade no interior do Brasil. “Foi das experiências mais marcantes da minha vida e estou muito agradecida a todas as pessoas que a tornaram possível. Mas, principalmente, ao povo de Vazantes, que me ensinou o verdadeiro significado de humildade e simplicidade, a verdadeira alegria pelas coisas pequenas e a força que tem um simples sorriso”, partilha.
Catarina Rebelo de Almeida participou na organização de oficinas para crianças e jovens, dos 6 aos 18 anos: aulas de espanhol, jogos de dança, pintura, desenho, artesanato e muitas outras atividades. “Como o voluntariado nos ocupava apenas as manhãs, passávamos as tardes de formas distintas. Muitos dias recebíamos aulas de Capoeira e de Maracatu (uma manifestação cultural pernambucana que apresenta origens africanas e contém elementos musicais e de dança), o que nos permitiu mergulhar na cultura brasileira e aprender muitas habilidades novas. Nas tardes livres íamos assistir aos jogos de futebol, aos ensaios da banda, conversávamos com o povo, planeávamos atividades para o dia seguinte, ou, simplesmente, brincávamos na rua com as crianças”, partilha.
Um momento marcante? “Foi quando um padre nos contou que, antes, perguntavam às crianças o que é que gostariam de fazer quando fossem crescidas e estas respondiam que queriam ser pescadoras e agricultoras. Agora, depois de ter começado este voluntariado, quando lhes fazem exatamente a mesma pergunta, dizem que o seu maior sonho é serem universitárias. Esta partilha marcou-me imenso e fez-me refletir sobre os grandes impactos que podem ter pequenas ações.”
Compreender melhor o mundo
Francisca Bento, estudante de Medicina Dentária em Viseu, foi voluntária na Cáritas Diocesana de Madrid. Esteve em Cercedilla – “onde todos os dias eram uma verdadeira diversão, já que os passava como sendo monitora de dezenas de crianças, onde fazíamos inúmeras atividades, caminhadas e jogos, e onde percebi que, com o simples, podemos fazer muito” – e em Hiruela, “uma aldeia muito pequena, com poucos habitantes, na qual o nosso principal objetivo era fazer companhia e ajudar nas mais diversas tarefas”.
Maior ensinamento? “Aprendi a compreender melhor o mundo e a ter, ainda mais, a certeza de que pequenas ações podem fazer a diferença, no que toca à construção de um mundo melhor e mais solidário. Sinto-me muito grata por todos os momentos que vivi, por todas as lições que aprendi e por todas as pessoas que conheci. Tenho a certeza de que a levarei comigo para sempre.”
Uma experiência de um grande crescimento pessoal
Daniela Barbosa, estudante de Psicologia, da Universidade Católica em Braga, esteve em Sevilha, pela Cruz Roja Espanhola, a trabalhar com crianças em diversas atividades – “Foi fascinante a alegria das crianças. As atividades recreativas, como jogos e desportos que organizamos, foram igualmente divertidas e importantes. Organizamos torneios de futebol, jogos de basquetebol, onde todos participaram com grande entusiasmo. Essas atividades ajudaram a promover um espírito de equipa e amizade entre as crianças, além de incentivar um estilo de vida mais saudável.”
Um momento gratificante? “Quando em conversa com um menino, percebemos que o projeto já não existia há alguns anos por falta de voluntários. Isto deu-nos ainda mais força para podermos aproveitar ao máximo o tempo com eles.”
“Foi, sem dúvida, uma experiência de um grande crescimento pessoal, muito trabalho, muita partilha, mas, sobretudo, uma experiência com muito amor. Com certeza, esta será a primeira de muitas outras experiências de voluntariado na minha vida”, partilha a estudante.
Voluntariado é sobre humanidade
Francisco Cabral, estudante da Faculdade de Ciências Humanas, em Lisboa, esteve em Melilla (Marrocos) a trabalhar com jovens migrantes: “as nossas atividades no terreno consistiam sobretudo, durante o período da manhã, na preparação das tarefas diárias e em reuniões de equipa. Pela tarde, dedicávamo-nos a dar aulas de espanhol, facilitando a integração dos migrantes recém-chegados. À noite, envolvíamo-nos na confeção e distribuição de refeições, uma tarefa que unia voluntários e migrantes em torno de uma causa comum.”
Sobre a formação que cada voluntário recebe antes de ir em missão, Francisco Cabral acredita que “essa preparação inicial foi fundamental para atenuar as incertezas e para enfrentar os desafios com mais confiança.” “Lembro-me do relato de um jovem de 15 anos que nadou durante oito horas para chegar a Melilla, perdendo o seu melhor amigo no processo, ou de um jovem de 24 anos que atravessou cinco baías, cada uma com sete metros de arame farpado e enormes valas entre elas, sob forte vigilância, enfrentando a violência da polícia em ambos os lados. Ouvir estas histórias pessoalmente é muito diferente de vê-las na televisão – dar-lhes rostos e nomes torna tudo mais real e doloroso. Este é o ponto que acredito ser fundamental lembrar: estas histórias não são estatísticas, são vidas humanas. Este voluntariado é sobre humanidade”, partilha o estudante.
Um momento surpreendente? “Quando o meu voo de regresso a casa foi adiado por dois dias… O que poderia ter sido uma situação desagradável transformou-se numa das melhores memórias que carrego comigo. Os voluntários locais acolheram-me de forma fraterna e calorosa, e, para além disso, a associação tinha começado a renovar o seu espaço com pinturas. Decidi juntar-me aos migrantes que estavam envolvidos nesse projeto. Foi um momento de celebração e de profundo simbolismo.”
O envolvimento dos 4 campi da Católica
O envolvimento dos 4 campi da Católica no projeto representa uma grande satisfação pela dimensão una da Universidade. Carmo Themudo, coordenadora da UDIP, refere que o envolvimento das quatro geografias da UCP “reflete o esforço colaborativo e coordenado de quatro localidades distintas de ajudarem a cumprir a missão da Universidade com a educação integral dos estudantes e o serviço à Comunidade”.
O programa FLY, que reforça o compromisso das universidades participantes com o desenvolvimento sustentável, pretende – sobretudo - sensibilizar as comunidades universitárias para os problemas de migração e dos refugiados e das pessoas em risco de exclusão social e realçar projetos de cuidados às pessoas e à comunidade. Coordenado pelas Universidades espanholas de Comillas (Madrid), Universidade de Deusto (Bilbao) e ESADE (Barcelona), o FLY 2024 junta, para além da Universidade Católica Portuguesa, as Universidades Loyola (Andaluzia, Espanha), LUMSA (Roma, Itália) e Mateja Bela (Banská Bystrica, Eslováquia) e IQS (Barcelona, Espanha).