Eduardo Duque, professor na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa de Braga, lançou um novo livro: "Valores e Religiosidade em Portugal. Comportamentos e Atitudes Geracionais".
Esta obra é o resultado do estudo continuado das diferentes vagas do European Values Survey, particularmente, no que se refere à análise da dimensão religiosa. O autor tinha já analisado e publicado sobre as duas vagas anteriores, a de 1990 e a de 2008, pelo que agora dá a conhecer os dados referentes a 2020.
Nos últimos 70 anos, os portugueses reconfiguraram a sua forma de viver, de acordo com a sua idiossincrasia e cultura, recomposição esta que lhes permitiu estar ao mesmo nível dos seus congéneres europeus e que explica a mudança dos seus comportamentos, atitudes e valores, que foram recriados a partir do encontro com outras culturas.
Estes cidadãos pedem às instituições que não se desliguem das suas vidas e dilemas, mas que reestruturem a sua forma de dialogar, de entender os problemas, sem predeterminação, e que sejam instituições sempre abertas a novas formulações e alternativas. A Igreja não pode naturalmente ser alheia a estas transformações e fechar os olhos ao caminho que a sociedade está a prosseguir, mas também não tem de se deixar levar no corrupio escorregadio e presunçoso das tendências contemporâneas que são, muitas vezes, a simples negação por negação, da tradição, e que se impõem como sinónimo de progresso.
Se a principal razão desta publicação é perceber a forma como a sociedade portuguesa se posiciona em relação à dimensão religiosa, este estudo pode considerar-se como que uma radiografia da sua religiosidade, na medida em que se discorre sobre a autoidentificação religiosa, a pertença a uma religião, a matriz religiosa dominante, a assistência aos serviços religiosos e a sua dimensão valorativa, crencial e institucional.
