Emmanuel Falque em Braga

O proeminente filósofo e teólogo contemporâneo Emmanuel Falque esteve em Braga no passado dia 30 de maio, num diálogo, tão seu, com o mundo secularizado deste tempo que é nosso. Organizada pela Universidade Católica Portuguesa, o Espaço Vita e a Revista Cenáculo, a conferência teve por título “Atravessar o Rubicão: Filosofia e Teologia, para onde vamos?”. Situado no norte de Itália, o rio Rubicão foi atravessado por Júlio César em 49 a.C., evento que marcou a extensão do Império Romano a todo o mundo de então. A imagem evoca, portanto, o risco de quem atravessa fronteiras.

Falque considera que, na cultura secularizada dos nossos dias, já não se vive um ateísmo virulento ou militante, que seria sobretudo um anti-teísmo ou anti-cristianismo. A pessoa dos nossos tempos tende a viver um “ateísmo coerente” que não é uma reação contra uma religião determinada ou contra um Deus que se quer matar. Vive-se, simplesmente, uma experiência de ausência de Deus. E é tudo. Pois é possível não crer em Deus sem se ser contra Deus. Falque procura habitar, demorar, nessa margem do ateísmo coerente. Assumindo a finitude da ausência de Deus, considera que o cristão de hoje deve começar pela experiência de sexta-feira santa, procurando partilhar a mesma humanidade que o homme tout court vivencia. E depois, a partir dos existenciais tais como o nascimento, o ser-para-morte, o ser-no-mundo, a angústia, o desejo erótico, podemos caminhar juntos para outras margens que se aproximam de experiências de Ressurreição e de Eucaristia.