Celebração dos 50 anos da UCP junto do Papa

Foto de Agência Eclesia 

O Papa Francisco recebeu esta quinta-feira, dia 26 de Outubro, em audiência uma delegação da Universidade Católica Portuguesa com cerca de 150 pessoas. O encontro por ocasião do 50.º aniversário da universidade teve como objetivo "agradecer a fundação da Universidade Católica".

No ano em que a Universidade celebra 50 anos, a Reitora, Isabel Capeloa Gil, diz que aquilo que define a UCP é a "intenção de criar valor para a sociedade, criar valor com valores". Pretende "fazer com que a ciência e o conhecimento melhorem a condição humana".

No programa desta deslocação a Roma consta, na sexta-feira seguinte, uma missa de Acção de Graças pelos 50 anos da Universidade Católica Portuguesa, na Igreja de Santa Ana, e um concerto de órgão na Igreja de Santo António dos Portugueses, em Roma, seguido de uma recepção oferecida pela UCP.

Sua Santidade congratulou a Universidade Católica “por estes cinquenta anos de serviço ao crescimento da pessoa e da comunidade humana e olhando para os desafios do futuro” e acrescentou ainda: “Longa vida à Universidade Católica Portuguesa”.

Por natureza e missão, recordou o Santo Padre, “sois universidade, isto é, abraçais o universo do saber no seu significado humano e divino, para garantir aquele olhar de universalidade sem o qual a razão, resignada com modelos parciais, renuncia à sua aspiração mais alta: a de buscar a verdade. À vista da grandeza do seu saber e do seu poder, a razão cede perante a pressão dos interesses e a atracção da utilidade, acabando por reconhece-la como seu último critério”.

Papa Francisco firmou ainda que “a verdade significa mais do que saber. O conhecimento da verdade (…) tem como finalidade o conhecimento do bem. A verdade torna-nos bons, e a bondade é verdadeira. (…)  Não basta realizar análises, descrições da realidade. É necessário gerar espaços de verdadeira pesquisa, debates que gerem alternativas para as problemáticas de hoje. Como é necessário descer ao concreto”.

Por desígnio e graça de Deus, salientou o Santo Padre, “sois católica, uma qualificação que em nada mortifica a universidade, antes valoriza-a ao máximo, pois se a missão fundamental de toda universidade é «a investigação contínua da verdade mediante a pesquisa, a preservação e a comunicação do saber para o bem da sociedade» (João Paulo II, Cons. ap. Ex corde Ecclesiae, 30), uma instituição académica católica distingue-se pela inspiração cristã dos indivíduos e das próprias comunidades, consentindo-lhes incluir a dimensão moral, espiritual e religiosa na sua investigação e avaliar as conquistas da ciência e da técnica na perspectiva da totalidade da pessoa humana. Isso porque, como afirma João Paulo II, «as ciências humanas, apesar do grande valor dos conhecimentos que oferecem, não podem ser assumidas como indicadores decisivos das normas morais deste caminho» (Enc. Veritatis splendor, 112).

Para o Papa, por trás do docente católico fala uma comunidade crente, na qual, durante os séculos da sua existência, amadureceu uma determinada sabedoria da vida; uma comunidade que guarda em si um tesouro de conhecimento e de experiência ética, que se revela importante para toda a humanidade. Neste sentido, recordou Papa Francisco, o docente fala não tanto como representante duma crença, como sobretudo testemunha da validade duma razão ética.

Finalmente, referindo-se mais uma vez à necessidade de se descer ao concreto, Papa Francisco mostrou aos presentes a necessidade de considerar “o princípio da encarnação na pele do nosso povo. As suas perguntas, ajudam-nos a questionar-nos; as suas batalhas, sonhos e preocupações possuem um valor hermenêutico que não podemos ignorar, se quisermos levar a cabo o princípio da encarnação.

O nosso Deus escolheu este caminho: encarnou-Se neste mundo, atravessado por conflitos, injustiças e violências, atravessado por esperanças e sonhos. Por conseguinte não temos outro lugar onde O procurar a não ser no nosso mundo concreto, no vosso Portugal concreto, nas vossas cidades e aldeias, no vosso povo. Lá Ele está a salvar.

E concluiu o seu discurso com o habitual empenho: “Acompanho-vos, com as minhas preces e, por favor, também vós não vos esqueçais de rezar por mim. Obrigado”. 

 

Delegação da UCP - Braga com a reitora Isabel Capeloa Gil, o reitor da Universidade Gregoriana Pe. Nuno da Silva Gonçalves, antigo director da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais e o provincial da companhia de jesus Pe. José Frazão

Delegação da UCP - Braga com a reitora Isabel Capeloa Gil, o reitor da Universidade Gregoriana Pe. Nuno da Silva Gonçalves, antigo director da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais e o Provincial da Companhia de Jesus Pe. José Frazão.